28 de novembro de 2021

EU LI: O castelo do homem sem alma (A. J. Cronin)

Oi gente!

Fiquei um tempinho sem postar aqui, mas tenho revisto para descontinuar algumas coisas em 2022, objetivando sobrar mais tempo para escrever aqui. Afinal, é meu meio mais antigo de divulgação do meu trabalho e o mais visitado! Obrigada a todos por estarem sempre por aqui!

Hoje quero falar sobre uma leitura peculiar que fiz no mês de novembro. Enfim conheci a obra de A. J. Cronin! Minha sogra, fã do autor há muitos anos, tem uma coleção rara da década de 60 e há tempos insistia para eu ler. Bom, esse momento chegou. Eu escolhi o primeiro livro que ela leu dele, e que a fez ler todos os outros: O CASTELO DO HOMEM SEM ALMA. 



A coleção é da José Olympio e a publicação do livro é de 1968 com tradução de Rachel de Queiroz. E já fico me perguntando porque o autor não foi mais publicado no Brasil. Archibeld Joseph Cronin (1896 - 1981) foi um escritor escocês, formado em Medicina, que escreveu vários romances. Sua temática predominante era, sem dúvida, a medicina, mas também as críticas sociais. Dizem os críticos que "A Cidadela", de sua autoria, junto com "O Físico", de Noah Gordon (maravilhoso!) e "Quando Nietzsche Chorou", de Irvin D. Yalom (preciso ler!), formam o trio dos grandes romances médicos na literatura universal. 


"O castelo do homem sem alma" (ou Castelo do Chapeleiro pois o título original é Hatter's Castle) possui sim um personagem médico, mas que não é o centro da trama, embora tenha uma participação importante do meio para o final do livro. O principal personagem é esse chapeleiro, que aliás, se tornou para mim o pior personagem que já li. Tirou o posto do Ernesto Vidal de "O Labirinto do Fauno".

Essa pessoa vive em Levendorf, uma cidadezinha inglesa que ao seu entender, não chega nem aos pés da importância da sua família. James Brodie, patriarca da família, não se misturava porque mantinha a certeza de que era parente de um conde, devido ao nome que trazia ou a motivos que nem me detive, porque eram óbvios que foram criados por sua imaginação doentia. 

Sua esposa Margareth, seus filhos Matt, Mary e Nessie e sua mãe idosa que com eles morava, eram vítimas diárias da sua personalidade egocêntrica, mesquinha e dominadora. Só "gostava" mesmo da sua filha caçula, pois a achava inteligente e fez dela uma muleta para seu tão sonhado sucesso, já que ela estudava para concorrer a um concurso importante. Considerava seu primogênito Matt um "estragado" pela mãe e proibiu sua filha Mary de casar com um rapaz decente e trabalhador, apenas porque ele era filho de um comerciante, a quem ele chamava "taverneiro".

Esse episódio de Mary traz um choque ao leitor antes da metade do livro e como disse minha sogra, "em um ponto você acha que o livro acaba, mas é aí que ele começa!". Não tem como não se envolver com a família Brodie e sofrer com as consequências causadas pelo patriarca tirano. Chegou um momento que deu vontade de largar o livro, tanto era a raiva dessa pessoa. Mas não tem como largar, impossível não querer chegar ao final, mesmo trilhando situações tristes ao extremos ao longo da história.

Já aviso. Há tempos uma leitura não me agarrava tanto. Li em cinco dias as 400 páginas do livro, esperando um final completamente feliz, mas ele não veio. Há sim, boas surpresas no final mas a ttrma é marcante e inesquecível. Daqueles desfechos que há alguns anos, se eu lembrar do livro, lembrarei com detalhes do final. Só indo até o fim para saber se haverá ou não a ruína de James Brodie, ou se o patriarca machista, preconceituoso e orgulhoso enfim vai se redimir de suas faltas.


Mas como não só de trechos ruins é feito um livro sofrível, há também muitas passagens bonitas, retratando a união das duas irmãs e principalmente, a garra e coragem de Mary para sobreviver ao acontecimento do início do livro, em uma sociedade da época com um pai machista e hipócrita. Para mim, a melhor personagem da história.

Também uma curiosidade histórica, que ainda não tinha visto retratada em nenhum livro. Naquele momento que contei que parece que o livro acaba, um dos personagens é vítima do desastre da ponte Tay, um fato real que ocorreu durante uma tempestade em 28 de dezembro de 1879, quando um trem que percorria o trecho entre Burntisland para Dundee, na Inglaterra, a fez desabar, matando todos que estavam a bordo.

Então pense bem, porque apesar do protagonista odioso, a história tem muita coisa boa e foi escrita por um autor que já me conquistou. Já estou com "A Cidadela" aqui para ler.

Beijos!

2 comentários:

Unknown disse...

Este também foi o primeiro livro que li quando menina. Nunca mais esqueci!

Anônimo disse...


Meu Deus agora voltei a minha adolescência... era rato da Biblioteca pública de minha cidadezinha de interior. Lembro dos livros dele que se destacavam na prateleira com aquelas capas duras em Verde e letras douradas. Li todos que pude encontrar. São livros maravilhosos e muito marcantes. Este em especial.
Vou procurar em algum sebo da capital para ver se encontro estes livros pois vale muito a pena ter, é um verdadeiro tesouro.
Obrigada por me trazer essa lembrança tão nostálgica. :)