8 de julho de 2015

Personalidades #8 - Lewis Carroll

Oie!!!!

Não poderia deixar de complementar a série Personalidades com uma postagem sobre o autor de "Alice no País das Maravilhas", tema do blog neste mês de comemorações dos 150 anos de sua publicação. O livro é um dos mais conhecidos do autor, cujo nome verdadeiro era Charles Ludwidge Dodgson (1832-1898) e que, além de escritor de histórias infantis, também foi poeta, bibliotecário, matemático e um apaixonado por fotografia. Desde muito jovem, escrevia poesias e contos, e contribuiu fortemente para várias revistas inglesas. Entre 1854 e 1856, seu trabalho apareceu em várias publicações nacionais.

Charles Ludwidge Dodgson (Lewis Carroll)
Carroll possuia intelecto diferenciado e frequentou vários círculos de alta cultura na sua época. Sua personalidade enigmática promovia críticas de que ele possuía dupla personalidade, de um lado um Dodgson real e racional, o matemático, professor, religioso. E do outro o Carroll sonhador, que voltava seu mundo interno para a fantasia e o transportava para seus trabalhos literários. E foi sua paixão por fotografia que até hoje alimenta as possíveis interpretações sobre o surgimento da Alice. Para quem não sabe, ela de fato existiu. Seu nome era Alice Liddell e era filha de Henry George Liddell, deão da Christ Church College (futura Universidade de Oxford). Na época Dodgson trabalhava lá como bibliotecário e a conheceu durante uma sessão fotográfica com o amigo Reginals Southey. Foi ela que inspirou a personagem do livro. Só que isso trouxe ao autor um dos motivos mais controversos e discutidos de sua misteriosa biografia.

Alice Liddell fotografada por Lewis Carroll
Carroll gostava muito de fotografar crianças. No século XIX de uma Inglaterra aos moldes vitorianos, era moda e uma prática natural os pais consentirem que os fotógrafos utilizassem a imagem de seus filhos em registros fotográficos. Para ele, dotado também de uma personalidade nostálgica, sempre dizendo que trocaria tudo para ser criança de novo, fotografar era uma paixão. Afinal, a arte de fotografar é traduzida em registrar determinados espaços e tempos. Essa personalidade também o levava a gostar de contar histórias. Segundo historiadores, era comum ele entreter crianças e adultos em longas tardes com histórias inventadas "na hora". E assim foi que a ideia para o livro de Alice surgiu, em um passeio de barco às margens do rio Tâmisa, a 4 de julho de 1962, em que Alice e suas irmãs pediram a Dodgson uma história e ele inventou uma garota que perseguia um coelho branco para dentro de uma toca que levava a um mundo de fantasias.

Lewis Carroll juntamente com Louisa MacDonald e suas crianças.
A história de Alice desenvolveu-se na imaginação de Dodgson, e transformou-se no livro que conhecemos, o qual ele redigiu à mão e deu a menina como presente de Natal. Algum tempo depois, quando decidiu publicar a história, fez correções no texto e procurou um ilustrador profissional muito famoso na época, John Tenniel, responsável pelas ilustrações originais, que até hoje embelezam nossos livros. Eu sou suspeita para opinar, adoro ilustrações em preto e branco e pesquisando sobre os originais da Alice, descobri uma curiosidade. Os originais de John Tenniel para o clássico Alice, foram gravados em blocos de madeira para impressão. Existe uma técnica chamada de xilogravura, onde se utiliza madeira entalhada com a imagem em relevo, que após aplicação de tinta é transferida para o papel. Lembra a técnica de se "carimbar". E onde estão hoje esses blocos de madeira? Na Biblioteca Bodleian, na Universidade de Oxford.
Ilustração original de John Tenniel

Lewis Carrol, após "Alice no País das Maravilhas", ainda escreveu "Alice através do Espelho", "Jaguadarte" e outras histórias. O último romance escrito por ele foi publicado em 1889 e 1893, respectivamente, porém sem nem chegar perto do sucesso de Alice. Carroll faleceu em 1898 na casa de suas irmãs, após contrair pneumonia depois de uma gripe. Seu corpo foi enterrado em Guildford, no Cemitério Monte. A vida de Carroll sempre foi discutida e comentada, mas a realidade é que é envolta em muito mistério. Muitos estudiosos de suas obras tentaram desvendar as lacunas de sua vida e os enigmas da sua obra principal, e enquanto estudam, reforçam que são essas características que fazem a boa literatura e que levam a necessidade de releituras no decorrer do tempo, pois possui dados biográficos que instigam a curiosidade das pessoas.

Illustração de Inga-Karin Eriksson.
São inúmeras as teorias que cercam a obra de Carroll. Muitos afirmam que a obra é didática e pedagógica, que é um exercício de memória e raciocínio lógico, devido aos enigmas e citações de poesias vitorianas. Outros afirmam ser uma metáfora que pode ser interpretada de diversas formas, focando no crescimento e transição da criança para a idade adulta, devido as confusões mentais de Alice, que representaria a adolescência, por exemplo. E ainda, se havia no autor alguma natureza sexual voltada para a pedofilia, devido as meninas que gostava de fotografar, nunca saberemos. O que importa é que "Alice no País das Maravilhas" é um dos maiores clássicos da literatura infanto-juvenil, composto de uma riqueza linguística fonomenal, que faz de Lewis Carroll um dos mais importantes nomes da literatura universal, apreciado por leitores do mundo inteiro e inspiração para muitos escritores contemporâneos.

Eu leio e releio os trechos de "Alice no País das Maravilhas". Sempre os cito em meus trabalhos e uso a história como inspiração. Acho que são exatamente esses mistérios que incomodam os adultos e o simples fato de "não ter explicação" que encanta as crianças. Por isso considero uma obra completa, única e admirável, porque prende várias gerações e diversidades de pessoas, por motivos diferentes, ainda que alguns sejam puramente advindos de "especulações". Sempre me perguntam o que eu acho, mas eu sou um tanto suspeita para opinar, pois enxergo as histórias com alma de criança, e sinceramente, acho que os adultos é que veem maldade em tudo.

Beijos!

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